terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Rosa de Menina - Azul de Menino

Pensei e repensei sobre qual seria o primeiro assunto a ser abordado no Papai Nasceu e pensei: será a naturalização dos papéis que homens e mulheres ocupam na sociedade. Fiz um texto breve, para acostumar meus/minhas futuros/as leitores/as as reflexões as quais serão levantadas aqui. Respirei fundo e aí está!

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Opa, soube o sexo do bebê? Vai ser menina? Lá vem uma chuva de roupinhas e acessórios cor de rosa. Se for menino o azul predomina. Mas não, não vou tratar aqui do enxoval, se é fácil ou não encontrar isso e aquilo. Irei tratar do motivo pelo qual remetemos as cores a esses gêneros. Ficou difícil? Explico:  gênero pode ser masculino ou feminino. 

Ano passado fiz um projeto de intervenção - na escola que trabalho como professora de história - e iniciei discutindo um texto com os alunos e alunas, escrito por mim. Reproduzido aqui:
O termo machismo é muito utilizado, mas você sabe o que é? Por que existe? Já percebeu: assim que uma mulher grávida descobre o sexo do bebê, se será menino ou menina, muitas coisas já estão estabelecidas?  Por exemplo, a cor azul para meninos, a cor rosa para meninas. Percebeu que os brinquedos já sugerem o papel que, tanto um quanto o outro, terá na sociedade? As bonecas, panelas, utensílios domésticos e delicados são dedicadas às meninas, quanto skates, carrinhos, ferramentas são dedicados aos meninos. Assim é ensinado que a mulher tem um dom natural para cuidar dos filhos, filhas e da casa e aos homens já é natural que sejam mais agressivos, competitivos e que não saibam nada dos serviços domésticos. Essa ideia ocorre, pois como percebemos, desde o nascimento o papel dos meninos e meninas, ou homens e mulheres é ensinado, ao contrário do que se pensa que é natural. A menina já aprende desde cedo com seus brinquedos a cuidar das bonecas, pois será ela quem cuidará dos bebês. Aprende desde cedo a tomar dona da casa. E se educássemos os meninos a cuidar dos filhos e filhas dando-lhe bonecas? A cuidar da casa dando-lhe panelas, vassouras, maquinas de lavar louça? E se presenteássemos as meninas com carrinhos, estimulássemos irem à rua, serem mais competitivas, esses papéis considerados naturais ou modificariam? A mulher é a única na raça humana que pode parir, gerar uma criança, mas será que cabe apenas a ela os cuidados com essa vida? Será que o homem também não pode cuidar dessa vida? Você percebe dentro dessa pequena exposição como os papéis dos homens e das mulheres vão surgindo? Você percebe como muitas coisas são consideradas naturais, mas na realidade é ensinado? Você percebe o machismo nisso? Pense, reflita, modifique se.

Quero propor com esse texto uma reflexão sobre a naturalização dos papéis que ocupamos e o motivo pelo qual ocupamos. Quando escrevo no texto darmos bonecas aos meninos e ensiná-los a serem pais desde pequenos,  proponho também que as mulheres tenham esse olhar de enxergar no homem - o qual compartilha a sua vida - como uma pessoa capaz de realizar as atividades que esta faz.


*O texto reproduzido foi apresentado em sala de aula em consonância com o trabalho de conclusão de curso do Curso de Formação para Professores em Gênero e Diversidade na Escola. Esse projeto foi apresentado ao I Prêmio GDE, oralmente e com apresentação de slides, no ano de 2013.

PS: Clique nas palavras grifadas em rosa e abra o link relacionado.


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